Os cananeus eram inimigos dos judeus. Por sua idolatria e desobediência eram amaldiçoados pelo próprio Deus. Segundo a Lei não eram merecedores de nem uma migalha sequer a não ser de desprezo. Mas aquela mulher oriunda desse povo inimigo clamava agora por compaixão e misericórdia.
Se esta mulher estivesse presa às leis do seu povo, suas raízes e tradições, jamais se aproximaria de Jesus para pedir-lhe algo, jamais se curvaria perante Ele. Entretanto, diante da sua necessidade, deixou tudo isso de lado e veio a Jesus como serva, chamando-O de Senhor e clamando por socorro.
E ainda que a princípio Jesus tenha feito silêncio e não tenha lhe dado resposta alguma, ainda que tenha sido maltratada e humilhada pelos seus discípulos, ainda assim não desanimou, mas continuou a clamar. E até mesmo depois de ter ouvido palavras tão duras do Mestre, depois de ter passado por toda aquela humilhação e escárnio, não foi orgulhosa e não se deixou levar pelo burburinho da multidão; sujeitou-se a tudo aquilo e manteve-se firme, pois grande era a sua necessidade e grande era a sua fé.
Jesus reconheceu então naquela mulher alguém que não se deixava levar pelas circunstâncias e não se paralisava diante das humilhações, mas permanecia firme e confiante pois estava decidida a não sair dali sem a sua bênção. E assim ele curou a sua filha e a abençoou.
O que podemos aprender com este texto?
Se pararmos para observar, assim como a mulher Cananéia, também fomos povo gentio, amaldiçoado por Deus e sem direito a nenhuma bênção sequer. Entretanto, ainda que sem merecimento, esse Deus que é justo, porém misericordioso também de nós se compadeceu. E por causa do Seu amor infinito, por intermédio do Seu Filho amado permitiu que apesar da nossa condição pecaminosa, fôssemos santificados por Ele, viéssemos a fazer parte do Seu povo e a ser chamados filhos de Deus.
Porém, muitos de nós têm se esquecido disso. Não temos compreendido que se o Senhor se compadeceu de nós noutro tempo quando andávamos desgarrados como ovelhas, quanto mais hoje que fomos comprados por sangue e temos o Espírito Santo habitando em nós.
Alguns não tem suportado o silêncio momentâneo de Deus e diferentemente daquela mulher Cananéia, têm desistido diante da primeira palavra dura que recebem, desfalecido e enfraquecido na fé perante a primeira humilhação.
O Senhor deseja que tenhamos com Ele um relacionamento de Pai e filho onde um conhece ao outro. O filho confia no Pai, sabe que ele o ama e irá suprir as suas necessidades; o Pai conhece o seu filho, sabe quando o seu clamor é sincero e provê aquilo que ele necessita.
O Mestre respondeu duramente à mulher pois precisava mostrar aos seus discípulos que até mesmo dos gentios viria um clamor, que mesmo neles seria encontrada muita fé; quanto mais precisavam crer, perseverar e clamar aqueles que faziam parte do povo escolhido.
Não podemos permitir que as palavras duras venham nos parar. Mesmo em meio a humilhações e desprezo, estejamos decididos a perseverar e continuar lutando pela nossa bênção. O Senhor não resiste ao clamor dos seus filhos, mas atende às suas necessidades.
Se você se sente enfraquecendo e enferrujando por conta do burburinho da multidão, não desista, mas lute, lute e clame ao Senhor. Ele fará cair dos seus olhos as escamas, lhe mostrará o caminho e ouvirá o seu grito de clamor.
Não olhe se você é cananeu ou gentio, apenas clame e Ele derramará sobre você “poder de filho”.
“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. “ Romanos 8:14-18
Texto por Roseli Yamaoca